quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

E depois, senhor?

Um homem de negócios americano, no ancoradouro de uma aldeia da costa mexicana, observou um pequeno barco de pesca que atracava naquele momento trazendo um único pescador. No barco, vários grandes atuns de barbatana amarela. O americano deu parabéns ao pescador pela qualidade dos peixes e lhe perguntou quanto tempo levara para pescá-los.

- Pouco tempo - respondeu o mexicano.

Em seguida, o americano perguntou por que ele não permanecia no mar mais tempo, o que lhe teria permitido uma pesca mais abundante.

O mexicano respondeu que tinha o bastante para atender as necessidades imediatas de sua família.

O americano voltou a carga:

- Mas o que você faz com o resto do seu tempo?

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Thanos

Thanos é um dos personagens mais carismáticos da Marvel. Foi criado inicialmente como inimigo do Homem de Ferro, mas logo se transformou num dos vilões mais perigosos de todo o Universo Marvel.

Um dos extremamente poderosos membros da raça dos Eternos que viviam na lua de Saturno, Titã, Thanos foi deixado de lado quando criança devido a uma doença que lhe conferiu aparência disforme e grotesca. Vagando pela galáxia, ele reuniu um pequeno exército de soldados, mercenários e insatisfeitos - criaturas que compartilhavam de sua visão da sociedade - bem como um vasto arsenal de destruição em massa. Durante suas viagens, Thanos encontrou-se com a própria Morte, personificada num corpo feminino, e apaixonou-se por ela. Para provar que era digno de tão impressionante entidade, ele decidiu garantir à sua amada aquilo que julgava que ela desejasse: o fim de todas as criaturas vivas.

Com esse intuito, Thanos elaborou muitos planos grandiosos destinados a chacinar incontáveis milhões de seres.  Buscando alcançar o poder supremo do Universo a fim de realizar seus planos, o titã utilizou o Cubo Cósmico (um artefato capaz de alterar a realidade conforme os desejos de seu dono) e as Jóias do Infinito (pedras que garantem o controle total sobre o tempo, espaço, poder, realidade, mente e alma). Como resultado de seus atos, os heróis da Terra perfilaram-se contra ele em inúmeras ocasiões. Em todas, conseguiram derrotá-lo - embora por pouco e frequentemente quando o vilão estava prestes a alcançar a vitória. Apesar de seus fracassos, Thanos causou incontáveis mortes, incluindo a de sua própria mãe, quando lançou uma carga de dispositivos nucleares sobre Titã, eliminando a maior parte da população.

Quando o faraó Akhenaton retornou à Terra após milhares de anos desaparecido, e ostentando poderes quase divinos, Thanos descobriu a maior fonte de poder de todas: o Coração do Universo. Usando de sua astúcia, o titã roubou o poder do Coração para si, efetivamente tornando-se o ser supremo de toda a realidade. Os heróis, porém, assim como as entidades cósmicas, se opuseram a ele, que em sua fúria finalmente realizou seu plano de destruir toda a Criação.

Entretanto, isso mostrou a Thanos que o que ele buscava nada mais era do que um total e absoluto nada. Após a destruição do Universo, o titã ganhou afinal o que tanto procurara: o amor da Morte, apenas para perceber que não poderia tê-lo, pois já tinha acabado com toda a vida; onde não há vida, não pode haver morte.

Thanos reconstruiu o Universo. Deixou tudo como estava, exceto por apagar da mente de todos suas lembranças sobre si mesmo.

A história de Thanos é bem parecida com a nossa história. Às vezes nós buscamos tanto uma coisa, e quando finalmente a encontramos, acaba não sendo aquilo que nós esperávamos que fosse. Mas isso é porque nós procuramos as coisas erradas! Ou melhor ainda, procuramos da maneira errada!

Assim como Thanos, cego pela paixão, não ponderou as consequências do que planejava, nós, muitas vezes, cegos pelos prazeres do mundo, também não conseguimos pensar direito. E acabamos prejudicando outros apenas para mais tarde descobrirmos que foi tudo inútil.

Por isso, antes de sair por aí levantando a bandeira do "não-desisto-dos-meus-objetivos-apenas-porque-são-diferentes-do-normal-e-farei-de-tudo-para-alcançá-los", vamos tentar pensar um pouco melhor e ver se esses objetivos são realmente aquilo que nós pensamos que são. Alguns podem até argumentar que "não tem como saber se são antes de tentar". Ok, talvez não dê pra saber se são, mas acho que dá pra saber pelo menos se vale a pena. Lembrem-se: ao contrário de Thanos, nenhum de nós tem poder supremo para corrigir possíveis erros!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A Espada Encantada

Um verdadeiro rosário de lendas maravilhosas parece envolver a vida do rei Arthur da Inglaterra. Entre essas a mais interessante, porém, é a que se refere a um episódio ocorrido pouco antes de sua morte.

Quando sentiu que a vida chegava ao seu termo, chamou um fidalgo, amigo de sua confiança, deu-lhe sua poderosa espada, cujo punho era cravejado de custosas gemas, e disse-lhe:

- Atira esta espada ao mar, e conta-me depois o que tiver ocorrido.

O fidalgo tomou da espada, e achou que seria loucura deitar fora uma dádiva tão preciosa; disse de si para consigo: "Atirar esta riqueza ao mar é perder um tesouro. Guardá-la-ei."

Escondeu, pois, em lugar seguro a preciosa espada e tornou à presença do rei, dizendo-lhe executada a ordem dada.

- Que pudeste observar quando a espada caiu ao mar? - perguntou-lhe o monarca.

- Rompeu as ondas com estrondo e desapareceu para sempre no seio das águas - respondeu, gaguejando, o embusteiro.

- Estás mentindo - retorquiu, com segurança, o rei. - Faze o que te ordenei. Atira a espada ao mar.

Outra vez saiu o velhaco e não pôde se conformar com a ideia de se desfazer da custosa espada.

Deixou-a escondida como estava, e voltando ao palácio declarou ao rei que se havia desobrigado da incumbência.

Perguntou o soberano o que vira.

- Quando a espada tocou a superfície do mar - respondeu o outro - vi erguer-se uma grande coluna azulada de água que se desfez em espumas brancas.

- Tudo isso é mentira - contestou o monarca, já contrariado. - Se tens amor à vida cumpre, sem hesitar, a ordem que te dei.

Amedrontado pela decisão irrevogável do rei, e vendo inúteis os seus artifícios, o fidalgo atirou ao mar a linda e poderosa espada. Assombrado, viu surgir das águas mão robusta que a apanhou cuidadosamente e com ela desceu às profundezas do pélago. Não se perdera, pois, o precioso objeto, aproveitado que fora por um ser misterioso.

Esta lenda, ponto que de todo inverossímil, dá-nos, no entanto, perfeito símbolo das vidas nas mãos do Deus Eterno.

Não temais, jovens brasileiros, entregar-vos de corpo e alma Àquele que tudo pode. Ele será o responsável pelos resultados, e nunca vos desapontará. A vida vos será mais bela e mais rica, ultrapassando sonhos e ideais.

Porque a lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos simples.

Do livro Lendas do Céu e da Terra, de Malba Tahan

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

No olho dos outros é refresco, né?

Tudo parecia ir bem no começo. Quando Buffy conheceu Angel, ele era apenas um cara misterioso que tinha o bom hábito de ajudá-la. Entretanto, logo ela descobriu que Angel era um vampiro. Inicialmente duvidosa de suas intenções, acabou cedendo após saber que ele tinha sido amaldiçoado décadas atrás com sua alma humana.

Mas havia um porém: um único momento de felicidade desfaria a maldição, levando Angel a se tornar maligno novamente. E esse momento de perfeita felicidade veio quando ele e Buffy fizeram sexo pela primeira vez, fazendo-o reverter para seu alter ego maligno, Angelus.

Como Angelus, o vampiro despertou o demônio Acathla, que sugaria o mundo direto para o Inferno. E embora Willow tenha conseguido restaurar novamente sua alma, isso veio tarde demais, e Buffy foi obrigada a matar seu grande amor para salvar o mundo. Durante o processo, Willow tinha pedido a Xander que avisasse Buffy sobre sua tentativa de realizar a maldição, tentando evitar que a Caçadora tivesse de matar Angel. Mas Xander, que já não ia com a cara do vampiro mesmo antes de ele perder sua alma, passou a Buffy uma mensagem diferente: que ela chutasse o traseiro de Angel.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A Tempestade e as Gaivotas

Gigantesco transatlântico deixava, um dia, o porto de partida e, como todos os navios que partem, era escoltado por uma nuvem de gaivotas prateadas. Ao fim de meia hora de viagem o tempo tornou-se ameaçador. Um vento violento levantava ondas de espuma. Esboçava-se no céu uma tempestade tremenda. Ora, ainda que lutando com toda a força de suas máquinas contra os elementos desencadeados, o possante navio avançava penosamente entre as vagas agitadas.

- Pobres avezinhas - dizia um viajante que olhava do tombadilho as gaivotas e as lastimava. - As nossas máquinas, que representam milhares de cavalos-vapor, com dificuldade resistem à tempestade. Como podeis vós, com as vossas débeis asas, lutar contra o tufão, desamparadas no céu?

E, de repente, aquele homem, que tão compadecido se mostrava pelas avezinhas do mar, ficou atônito. É que as pequeninas gaivotas, estendendo as asas que o Criador do universo lhes deu, abandonaram o navio na procela e ergueram-se acima da tempestade; passaram a voar numa região serena do céu.

Enquanto isso, o homem, com sua presunçosa ciência, lutava penosamente para resistir à fúria dos elementos.

Reparai bem, meu amigo. Esse navio é o homem que pretende lutar unicamente com meios próprios. As asas das gaivotas são as mãos débeis de quem ora.

Pelas asas poderosas da prece eleva-se o homem acima das tempestades da vida e pode voar placidamente, como as gaivotas ligeiras, numa região que jamais será atingida pelos vendavais das paixões.

Do livro Lendas do Céu e da Terra, de Malba Tahan

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Lucky Penny ...ou "Você Acredita em Destino?"

Lucky Penny é o décimo quinto episódio da segunda temporada de How I Met Your Mother. Ted precisa viajar para Chicago, em busca de uma promoção em seu emprego, mas uma série de acontecimentos o impedem de pegar o avião. Enquanto ele e Robin sentam-se no saguão do aeroporto, na esperança de que surja alguma maneira, os dois começam a pensar em todas as coisas que os levaram a chegar atrasados para o voo.

O grande motivo do atraso foi que Ted teve que comparecer ao tribunal naquela manhã, por ter saltado a catraca do metrô. Mas analisando melhor os fatos, o culpado disso foi Barney.

Marshall tinha machucado a perna e não poderia correr a Maratona de Nova York, então Barney se ofereceu para correr no lugar dele. Achando que o amigo não teria condições, por não ter treinado coisa alguma, Marshall aceitou a proposta. Para surpresa de todos, Barney completou a maratona. Mas ao pegar o metrô para casa e tentar se levantar para descer, descobriu que suas pernas não mais o obedeciam, tamanho o cansaço provocado pela corrida. Desesperado, ligou para Ted, que pulou a catraca para tentar alcançá-lo antes que o trem fosse embora, mas acabou sendo impedido pelos seguranças.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O Cão Morto

Uma fábula oriental descreve um ajuntamento de ociosos, no mercado de uma cidade da Síria, em torno de um cão morto que ainda mostrava, amarrada ao pescoço, a corda com que o haviam arrastado pelo chão. Os que o cercavam, olhavam-no com repugnância.

- Empesta o ar - disse um, apertando o nariz com os dedos e trejeitando uma careta de nauseado.

- Reparem na sua pele rasgada que nem para correias de sandálias serve - galhofava outro.

Um tipo corpulento aludiu às orelhas sujas e sangrentas do animal, e rematou:

- Foi, sem dúvida, enforcado por ladrão.

Desse grupo de homens aproximou-se um desconhecido que ouvira os diversos comentários. Em seu rosto resplandecia estranha luz e todo o seu porte indicava dignidade fora do comum. Pondo os olhos no animal morto e vilipendiado, disse, em seu belo e límpido arameu:

- As pérolas desmerecem diante da alvura dos seus dentes.

Todos os circunstantes voltaram-se para ele com assombro, e, vendo-o tão sereno e compadecido, indagavam, quase em segredo, uns aos outros, quem poderia ser aquele homem. E retiravam-se cabisbaixos, envergonhados, quando alguém alvitrou:

- Deve ser Jesus de Nazaré, que só Ele sabe encontrar qualquer coisa digna de piedade e aprovação, até mesmo num cão morto!

Do livro Lendas do Céu e da Terra, de Malba Tahan

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A máquina d scrvr

Apsar d minha máquina d scrvr sr um modlo antigo, funciona muito bm, com xcção d uma tcla.

Há 42 tclas qu funcionam bm, mnos uma,  isso faz uma grand difrnça!

Às vzs, m parc qu mu grupo ´ como a minha máquina d scrvr, qu nm todos os mmbros stão dsmpnhando suas funçõs como dviam, qu tm um mmbro achando qu sua aus^ncia não fará falta...

Voc^ dirá: "Afinal, sou apnas uma pça sm xprssão , por isso, não fari difrnça ou falta à comunidad." ntrtanto, para uma organização podr progrdir ficintmnt, prcisa da participação ativa  conscutiva d todos os sus intgrants.

Na próxima vz qu voc^ pnsar qu não prcisam d voc^, lmbr-s da minha vlha máquina d scrvr  diga a si msmo: "u sou uma pça important do grupo  os mus amigos prcisam d mim!"


Pronto, agora consertei a minha máquina de escrever. Você entendeu o que eu queria te dizer?

Percebeu a sua imensa participação na vida daqueles ao seu redor? Percebeu que assim como tem pessoas que são importantes para nós, também somo importantes para alguém?

Lembre-se de que somos parte do Universo e como tal somos uma peça que não pode faltar no quebra-cabeça da vida!

(Adaptado do livro Sabedoria em Parábolas, do professor Felipe Aquino)

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A Idade das Trevas

A Idade das Trevas (no original, The Dark Age) é o oitavo episódio da segunda temporada de Buffy the Vampire Slayer. Um velho amigo de Giles aparece em Sunnydale apenas para morrer. É revelado que um demônio do passado sombrio de Giles está de volta para assombrar a ele e a Ethan Rayne.

Este é notavelmente o primeiro episódio em que os demais personagens tomam conhecimento do passado de Giles - para eles, até então, o bibliotecário/sentinela não passava de um inglês com manias que já seriam consideradas bregas até nos anos 1800. Nunca consideraram que ele pudesse ter tido uma juventude proveitosa. Ou uma juventude, na verdade. Ou mesmo uma infância.

Mas o que descobrem é que Giles foi a encarnação de um verdadeiro "rebelde sem causa" em seus anos de colégio. Além de roqueiro, tinha um grupo de amigos que costumavam utilizar magia para se divertir - mais ou menos como os outros jovens utilizavam drogas. Neste episódio em particular, é citada a possessão voluntária pelo demônio Eyghon, o Sonâmbulo, como uma das maiores "viagens" que já tinham experimentado. Infelizmente, numa dessas sessões, o demônio sai do controle e Giles e os outros são obrigados a matar o amigo possuído. Depois disso, o grupo se separa e cada um segue seu caminho. Giles, aparentemente "caindo na real", decide seguir seu destino no Conselho das Sentinelas. Tudo parecia ter acabado...

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Satisfação

Vocês provavelmente conhecem o blog do Will Leite (se não conhecem, corram lá!), sem dúvida um dos melhores cartunistas de hoje. A tira abaixo foi publicada no dia 27 de janeiro, e retrata de forma bem-humorada uma realidade cruel dos dias de hoje:



quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O rei e os peixinhos do lago

Nas vizinhanças do palácio do rei havia um pequeno lago onde viviam tranquilos muitos peixinhos.

Um dia, ao regressar de um passeio, o rei chamou um de seus auxiliares e disse-lhe:

- Tenho muita pena desses peixinhos que vivem tão modestamente no lago. É preciso que tenham mais espaço para nadar e mais liberdade para viver. Determino, pois, que todos eles sejam, amanhã, muito cedo, transportados para o grande rio que banha a cidade.

A ordem do rei foi rigorosamente obedecida. Todos os peixinhos foram retirados do lago e levados para o rio caudaloso que passava ao longe.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Algo pelo que cantar

"Algo pelo que cantar" (no original: Something to sing about) é uma das canções do episódio musical de Buffy the Vampire Slayer, Once More With Feeling.

Após se sacrificar para salvar o mundo no final da quinta temporada, Buffy é trazida de volta à vida por seus amigos, que temiam que ela estivesse presa em alguma dimensão infernal devido às circunstâncias de sua morte. O que ninguém poderia imaginar é que, na verdade, a Caçadora tinha sido levada para um plano superior, de paz e tranquilidade. O choque de ser arrancada de tal paraíso pelos próprios amigos - por mais que tivesse sido com a melhor das intenções - fez com que Buffy se afastasse da realidade. Embora aparentemente bem, tudo não passava de uma encenação, uma tentativa de que seus amigos não soubessem o que tinham feito realmente, o que os deixaria arrasados. Mas quando alguém inadvertidamente invoca um demônio que influencia as pessoas a cantarem seus segredos mais íntimos, toda essa farsa acaba ruindo.


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Apanhando Macacos

Uma pequena história, mas só porque eu estou sem tempo de fazer um post original. Mas não se preocupem: há muitas outras histórias de onde esta veio!


Em certas regiões africanas usam os indígenas de um curioso artifício para apanhar macacos.

Amarram solidamente a uma árvore um saco de couro cheio de arroz, comida predileta dos símios.A boca desse saco, muito estreita, é do tamanho justo para só deixar passar a mão do animal; e este, se a fecha, prendendo entre os dedos um punhado de arroz, não pode mais retirá-la... Sem desconfiar da armadilha, o macaco voraz mete a mão no saco e agarra, com força, um punhado de seu manjar favorito. Ao verificar que a mãe está presa, faz caretas e agita-se, uiva, debate-se, retorce o corpo, em movimentos cada vez mais violentos. Mas todos os trejeitos e uivos são inúteis. O indígena aproxima-se e, com seu laço de couro, captura-o...

Como é tolo esse pobre macaco! Bastaria apenas, num gesto tão simples, abrir a mão e largar o arroz para recuperar a liberdade! Mas ele prefere o cativeiro e a morte, a renunciar a presa!

Toma cuidado, meu filho, que o desregrado amor ao dinheiro não te cative do mesmo modo e não te atire à prisão das mais negras paixões!

Não se pode viver sem dinheiro. De uma coisa porém não nos devemos esquecer: é de jamais sermos escravos do dinheiro. O dinheiro é que deve ser nosso servo. É ele mero instrumento, um meio apenas, não se devendo fazer dele um fim.

Assim, se não o deixares reinar como senhor em tua alma, o dinheiro pode ser para ti um bom servo. Aumentará os teus valores espirituais, dar-te-á o direito de primogênito dos filhos de Deus.

O amor desordenado às riquezas é o que se chama avareza. É avarento o que vive preocupado, exclusivamente, em amealhar mais dinheiro, e aumentar o seu pecúlio. A fortuna é, para o avarento, um fim, e não o meio de prover às necessidades da existência. É tal a sua paixão pelo dinheiro que se torna miserável, não só para os outros como para si próprio. O avaro não dá esmolas; nega o menor auxílio aos necessitados; priva-se, ele próprio, de tudo. Passa a vida a pão-duro. Quando precisa gastar, sente como se lhe arrancassem um naco da alma. É tipo ignóbil; nocivo à família, inútil à sociedade e prejudicial ao país. A economia é coisa inteiramente diversa. Consiste em regular os gastos pelos rendimentos, de sorte que aqueles não excedam a estes. Não é vício. É, antes, virtude preciosa, estímulo do trabalho e mãe da prosperidade.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Os Três Obreiros

Três operários preparavam pedras para a construção de um grande templo.
Aproximei-me do primeiro e perguntei-lhe, fitando-o com simpatia:
- Que estais fazendo, meu amigo?
- Preparo pedras! - respondeu-me secamente.
Encaminhei-me para o segundo, e interroguei-o do mesmo modo.
- Trabalho pelo meu salário! - foi a resposta.
Dirigi-me, então, ao terceiro e fiz a mesma pergunta com que já havia interpelado os outros dois:
- Que estais fazendo, meu amigo?
O operário, fitando-me cheio de alegria, respondeu com entusiasmo:
- Pois não vê? Estou construindo uma catedral!
Reparem, meus amigos, no modo tão diverso como cada operário cumpria o seu dever. O primeiro desobrigava-se de uma tarefa para ele material e grosseira; o segundo não visava senão o dinheiro a receber pelo trabalho; e o terceiro contemplava o ideal.
Escravos seremos se, à semelhança do primeiro operário, limitarmos a nossa vida à luta diária.
Entre os ambiciosos nos incluiremos se contemplarmos somente o lucro imediato de nossos esforços.
Felizes serão, porém, aqueles que vivem, lutam e sofrem por um ideal.

(Do livro Lendas do Céu e da Terra, de Malba Tahan)

E você, jovem? Como encara a vida? 

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O melhor prêmio

Já fazia um tempo que eu não postava nada do Ziraldo aqui, né? Bom, esta semana ele publicou a tira abaixo no blog e eu achei que seria interessante compartilhá-la com vocês. Basta clicar na imagem para vê-la no tamanho original.


Ultimamente tenho me questionado se não estou supervalorizando certas coisas e subvalorizando outras. Quero dizer, o que são tantos troféus e medalhas diante do maior prêmio que uma pessoa pode ganhar na vida: a amizade?

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Os Pequenos Sacrifícios

A vida é entremeada de sacrifícios. Fazemos sacrifícios o tempo todo. Às vezes, até sem perceber. Quando acordamos cedo, num dia chuvoso, para ir para a escola ou trabalhar, não deixa de ser um sacrifício que fazemos. Quando deixamos de ir a uma festa com os amigos porque temos uma prova na manhã seguinte, também é. Quando nossa mãe deixa de ir dormir para nos esperar chegar da rua, também é um sacrifício que ela faz - e nós podemos aqui fazer mais um, procurando chegar mais cedo para que ela possa descansar.

Sim, a vida é entremeada de sacrifícios. Uns maiores, outros menores. E aqui vem a questão: qual tipo de sacrifício é o mais difícil de se fazer?

Narra Sainte-Beuve a história de uma antiga abadessa muito dedicada à vida religiosa, que, afastada de seu cargo, não pôde decidir-se a deixar a chave de um jardinzinho, no qual seus privilégios anteriores lhe davam direito de entrar. É muito fácil guardar a chave de um jardim, mas custa tanto, às vezes, desfazer-se dela!

Pensem bem: o que seria mais difícil para uma pessoa viciada em chocolate, por exemplo: ficar apenas um dia em jejum, sem comer nada, ou permanecer uma semana comendo tudo o que quiser, exceto chocolate? Obviamente que a segunda opção seria a mais difícil, muito embora represente um sacrifício visivelmente menor.

Outro exemplo: uma pessoa que mora sozinha e não tem empregada. Como seria melhor ela fazer para limpar a casa? Esperando que se acumulasse sujeira por um mês e depois fazer uma faxina geral; ou todos os dias dar uma varrida, espanar os móveis, recolher o lixo? A primeira opção claramente indica um trabalho maior, embora a segunda indique um sacrifício mais complicado, ainda mais se levarmos em conta que essa pessoa, morando sozinha, não teria tanto tempo livre todos os dias. Ainda teria que abrir mão das poucas horas de folga para arrumar a casa.

Como se vê, por incrível que pareça, os grandes sacrifícios fazemo-los facilmente - com uma facilidade, já se vê, relativa - mas os pequenos, esses custam-nos enormemente.

Parecemo-nos àquele menino que tem o armário cheio de brinquedos e, convidado a dar alguns aos pobrezinhos, acha que os brinquedos que lhe pedem são precisamente aqueles a que está mais apegado. Ou àquele outro a quem a mãe ensina as orações, e chegando a esta passagem: "Meu Deus, dou-vos tudo o que possuo", para e acrescenta em voz baixa: "exceto o meu coelhinho". Ou, ainda, àquela senhora que é capaz de subir de joelhos até o Cristo Redentor, mas não é capaz de parar de bisbilhotar a vida das vizinhas.

Mas uma coisa a se notar a respeito dos pequenos sacrifícios é que eles geralmente produzem frutos mais duradouros do que os grandes. Autocontrole, responsabilidade, desapego, respeito: esses seriam os frutos produzidos pelos pequenos sacrifícios dos exemplos acima.

Não estou dizendo que os grandes sacrifícios sejam ruins, ou inúteis; ao contrário, são bons e às vezes até necessários. Mas de que servirão, se não mudarem a nossa vida?

(Baseado em reflexão do livro Lendas do Céu e da Terra, de Malba Tahan)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Descansar em paz

Descansar em Paz (no original: Rest in Peace) é uma das músicas do episódio especial Once More, With Feeling, da sexta temporada de Buffy the Vampire Slayer. É uma declaração de Spike para Buffy. Segue o vídeo e a letra da canção:

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Dança de Avivamento

Juro que tentei fazer um post hoje, mas realmente não tive tempo. Mas amanhã, eu prometo que me esforço mais! Pra não deixar o blog desatualizado, um vídeo que eu fiz no ano passado, com uma música do meu cantor favorito: Dança de Avivamento, do Diego Fernandes. Enjoy it!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O Hoje e o Amanhã

Era uma vez um garoto que nasceu com uma doença que não tinha cura. Ele tinha 17 anos e podia morrer a qualquer momento. Sempre viveu na casa de seus pais, sob o cuidado constante de sua mãe.

Um dia decidiu sair sozinho e, com a permissão da mãe, caminhou pela sua quadra, olhando as vitrines e as pessoas que passavam. Ao passar por uma loja de discos, notou a presença de uma garota, mais ou menos de sua idade, que parecia ser feita de ternura e beleza.

Foi amor à primeira vista.

Abriu a porta e entrou, sem olhar para mais nada que não a sua amada.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Pausa

Recentemente, comecei a assistir uma famosa série norte-americana. Talvez você já tenha ouvido falar dela: How I met your mother (traduzindo: Como eu conheci sua mãe). Caso não conheça, aqui vai um pequeno resumo:

A série conta a história de Ted, um cara que decide que é hora de encontrar o grande amor de sua vida após seus melhores amigos, Marshall e Lily, ficarem noivos. Os episódios são narrados do ponto de vista do próprio Ted, que trinta anos no futuro, conta a seus filhos as peripécias pelas quais ele passou antes de encontrar a mãe deles.

Outros personagens da série são Barney, amigo de Ted, um cara extremamente mulherengo, que sempre possui cantadas infalíveis para seduzir as garotas; e Robin, uma jovem jornalista que se torna a grande obsessão de Ted na primeira temporada. Para Ted, ele e Robin simplesmente precisam ficar juntos - embora todas as suas tentativas tenham terminado mal, e os dois possuam visões bem diferentes do que querem: enquanto Robin busca apenas algo casual, Ted está determinado a encontrar alguém para se casar. Mas não é sobre eles que eu quero falar aqui. Hoje eu quero falar sobre Lily e Marshall.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Fim dos Tempos

Acalmem-se, voltem aqui! Isto não é mais um post inútil sobre a suposta aproximação do apocalipse em 2012. Na verdade, se algumas pessoas responsáveis pela tradução de títulos de filmes no Brasil tivessem um pouco mais de bom-senso, este post nem teria qualquer relação com o assunto. Isso porque o nome original do filme sobre o qual eu vou falar aqui se traduziria como "O Acontecimento" (no original: The Happening). E acreditem, esse título cairia muito melhor, tanto para o filme quanto para este post.

Se você é esperto, já percebeu que eu estou falando do filme de 2008 de M. Night Shyamalan, o mesmo diretor de O Sexto Sentido, cujo filme tratado aqui é certamente menos sobre um "fim dos tempos" e mais sobre um "fim de carreira". Sério mesmo, como é possível que um cara que nos presenteou com uma história surpreendente, cenas marcantes e um final totalmente inesperado pode produzir um lixo como este? Me desculpem aos que gostaram do filme (existe alguém assim?), mas Fim dos Tempos deveria fazer jus à própria trama e se jogar do alto de um prédio antes de ser assistido por mais alguém.


Caso já tenha assistido (meu pêsames!), pode pular a próxima parte, mas caso ainda não tenha tido a chance, não perca duas horas de sua vida e leia a seguir um resumo da história (contém spoilers, mas eles serão o menor de seus problemas caso resolva assistir):

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Louvores a Deus

Como é de costume, uma história para nossa reflexão. Enjoy it!


O viajante que deixa a velha cidade de Sanna, no Sul da Arábia, em direitura ao pitoresco oásis de Beik, pode seguir dois caminhos ou um atalho.

Era exatamente por esse atalho que o prudente Azer Nejm seguia, ao pardejar da tarde, quando avistou o seu dedicado amigo Nascif Buazar, o carpinteiro do rei.

Nascif ia andando vagaroso, a cabeça baixa e o semblante denotava que negros pensamentos envenenavam o seu conturbado espírito.

Vendo-o assim tão apreensivo, Azer Nejm não se conteve e indagou qual era a causa daquele desgosto.

- Uma desgraça, meu amigo - lamentou Nascif com voz sucumbida, quase soluçante. - Uma verdadeira desgraça! Imagine você que o rei Assad encomendou-me um pequeno armário onde ele pudesse conservar os duzentos turbantes de sua coleção. Trabalhei na peça cerca de oito dias e mandei, afinal, levá-la aos aposentos do rei. Por um lamentável descuido de minha parte o tal armário tinha um defeito na armação e depois de colocado pelos servos e arrumado pelas escravas partiu-se em dois pedaços espalhando pelo chão os ricos turbantes do rei. Enfureceu-se o monarca com o caso, que afinal não tinha a menor importância, e resolveu que eu fosse impiedosamente castigado.

- E qual foi o castigo? - indagou Nejm vivamente interessado.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Movendo os móveis

Uma das experiências mais surreais por que eu passei no final do último ano foi me desfazer de um companheiro que estava comigo desde... bem, quase desde que eu me lembre. Sim, no mês passado, após anos e anos e anos (e mais alguns anos), eu finalmente troquei meu guarda-roupa. Não apenas isso; adquiri também um armário para guardar meus livros e revistas, algo que eu já vinha pensando há algum tempo. Com isso, eu descobri três coisas:
  1. Escolher um guarda-roupa novo é mais difícil do que parece (a menos que você reduza as opções a apenas duas e tire cara ou coroa entre elas);
  2. Preciso de mais um armário para guardar meus livros e revistas, pois só aquele quase não foi suficiente;
  3. Às vezes, por mais que estejamos acostumados ao antigo, é necessário mudar para que algo novo possa vir.
Existem situações em que sentimos a necessidade da mudança. Em que percebemos que, do jeito que nossa vida está, não é possível continuar. E aí vamos atrás da mudança que queremos ver. Mas muitas vezes, torna-se algo tão difícil que desistimos e, quando percebemos, estamos de volta à estaca zero. Afinal, de onde vem toda a dificuldade?

A dificuldade vem do fato de que queremos apenas coisas novas, sem abandonar as antigas. Mas da mesma forma que, quando compramos um móvel novo, temos que nos desfazer do móvel antigo, também precisamos "abrir espaço" dentro de nós se quisermos receber uma nova vida. E como abrimos esse espaço? Nos desfazendo daquilo que é velho. E isso é uma das coisas mais difíceis e trabalhosas pelas quais podemos passar.

Já dizia o sábio que "velhos hábitos são difíceis de abandonar". Isso é verdade. E a dificuldade aumenta na mesma proporção em que nós tomamos consciência da necessidade de mudar. Como se fosse um cachorrinho que nos seguiu até o nosso apartamento e, quanto mais insistimos em tentar nos desfazer dele, mais ele se mostra a coisa mais fofa do mundo, apenas para que mudemos de ideia.

Sim, é difícil abandonar velhos hábitos, velhas ideias, velhas crenças. Mas é necessário, se quisermos realmente mudar. Ou fazemos isso, ou ficaremos em cima do muro, indecisos entre o velho e o novo. E uma coisa interessante a respeito dos muros é que, quando menos se espera, você pode cair lá de cima. Se isso acontecer, apenas reze para que não seja do lado das coisas velhas.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Epifanias

Não se trata aqui da festa da Epifania do Senhor, comemorada ontem pela Igreja Católica e que celebra a revelação de Jesus Cristo à humanidade. Segundo a Wikipédia:

Epifania é uma súbita sensação de realização ou compreensão da essência ou do afeto de alguém. O termo é usado nos sentidos filosófico e literal para indicar que alguém "encontrou finalmente a última peça do quebra-cabeças e agora consegue ver a imagem completa". O termo é aplicado quando um pensamento inspirado e iluminante acontece, que parece ser divino em natureza (este é o uso em língua inglesa, principalmente, como na expressão I just had an epiphany, o que indica que ocorreu um pensamento, naquele instante, que foi considerado único e inspirador, de uma natureza quase sobrenatural).

Nesse sentido, foi um final de ano de epifanias para mim. A última semana, em particular, foi repleta delas. Na quinta-feira, recebemos a notícia de que um amigo nosso tinha morrido. Passando o Reveillon na chácara da família, no estado de São Paulo, Renan Fakeiti acabou se afogando. E esta foi a minha primeira epifania.

Nunca antes eu tinha passado por algo assim. Embora não fôssemos exatamente próximos um do outro, eu ainda o considerava um bom amigo. E perdê-lo assim, de repente, me fez perceber o quanto eu preciso valorizar mais aqueles que eu amo, pois nem sempre eles estarão por perto. É, eu sei que pode parecer um pensamento meio clichê, mas acreditem: a gente nunca o leva realmente a sério até que sintamos na pele o que ele significa.