segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Pausa

Recentemente, comecei a assistir uma famosa série norte-americana. Talvez você já tenha ouvido falar dela: How I met your mother (traduzindo: Como eu conheci sua mãe). Caso não conheça, aqui vai um pequeno resumo:

A série conta a história de Ted, um cara que decide que é hora de encontrar o grande amor de sua vida após seus melhores amigos, Marshall e Lily, ficarem noivos. Os episódios são narrados do ponto de vista do próprio Ted, que trinta anos no futuro, conta a seus filhos as peripécias pelas quais ele passou antes de encontrar a mãe deles.

Outros personagens da série são Barney, amigo de Ted, um cara extremamente mulherengo, que sempre possui cantadas infalíveis para seduzir as garotas; e Robin, uma jovem jornalista que se torna a grande obsessão de Ted na primeira temporada. Para Ted, ele e Robin simplesmente precisam ficar juntos - embora todas as suas tentativas tenham terminado mal, e os dois possuam visões bem diferentes do que querem: enquanto Robin busca apenas algo casual, Ted está determinado a encontrar alguém para se casar. Mas não é sobre eles que eu quero falar aqui. Hoje eu quero falar sobre Lily e Marshall.

Namorados há anos, o estudante de advocacia (e ambientalista) Marshall e a professora de jardim de infância (e aspirante a pintora de quadros) Lily decidem finalmente oficializar sua união. E assim, começam os preparativos para o grande dia.

Claro que, com a aproximação da data, acabam surgindo algumas dúvidas em relação a isso. Enquanto Marshal consegue um emprego temporário no escritório ecologicamente incorreto de Barney (cujo trabalho lá ninguém sabe ao certo qual seja) para ajudar a arcar com os custos da cerimônia, Lily começa a pensar em quanto de sua vida ela estará rejeitando se realmente vier a se casar. Mais especificamente, seu sonho de se tornar uma pintora profissional.

No último episódio da primeira temporada, faltando apenas dois meses para o casamento, Marshall descobre que Lily passou numa prova para conseguir uma bolsa de estudos de pintura do outro lado do país - e embora ela não pretendesse realmente entrar, tendo feito a prova apenas como um teste para si mesma, o fato de não ter sido sequer avisado que ela tentaria é o suficiente para Marshall iniciar uma discussão. E aqui está o ponto onde eu queria chegar.

Como Ted, em seu papel de narrador, esclarece aos telespectadores, as brigas de Lily e Marshall costumavam durar vários dias. Por isso eles frequentemente faziam "pausas" durante essas brigas, geralmente quando chegavam a um ponto em que percebiam que não poderia terminar bem. Isso inclusive é mostrado em uma cena, quando os dois estão em seu apartamento e, no calor da briga, chegam a sugerir o cancelamento do casamento. Imediatamente, eles notam as proporções do que acabaram de dizer e declaram "pausa". Só mais tarde, já com a cabeça fria, é que retomam a discussão.

Que bom seria se todos nós agíssemos assim também, não é? Se em vez de nos deixar levar pela raiva, nós compreendêssemos que ela não leva a lugar nenhum e fizéssemos "pausas" quando percebêssemos que íamos perder o controle. Com certeza não haveria tantos relacionamentos destruídos pelas brigas, tantas famílias despedaçadas, tantas pessoas feridas e magoadas. 

É como uma história que o saudoso padre Léo costumava contar, sobre um casal que tinha uma hora marcada, todos os dias, para brigar. Quando um deles fazia algo que não agradava ao outro, eles nunca discutiam sem ser na hora marcada. E quando chegava essa hora, ambos já estavam mais calmos e a resolução do problema era infinitamente mais fácil.

Esse é o desafio de hoje: quando nos sentirmos impelidos a discutir com alguém, e se isso for inevitável, fiquemos atentos. Ao menor sinal de que a discussão esteja indo longe demais; ao menos sinal de que estejamos chegando a um ponto em que vamos magoar a outra pessoa - seja ela a namorada, o namorado, a mãe, o pai, o irmão, ou um amigo - façamos como Marshall e Lily e apertemos o botão de "pause" no controle remoto. Afinal, mais vale esperar um pouco mais e assistir a um final feliz do que ver tudo na correria e terminar em tragédia.

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