sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Fim dos Tempos

Acalmem-se, voltem aqui! Isto não é mais um post inútil sobre a suposta aproximação do apocalipse em 2012. Na verdade, se algumas pessoas responsáveis pela tradução de títulos de filmes no Brasil tivessem um pouco mais de bom-senso, este post nem teria qualquer relação com o assunto. Isso porque o nome original do filme sobre o qual eu vou falar aqui se traduziria como "O Acontecimento" (no original: The Happening). E acreditem, esse título cairia muito melhor, tanto para o filme quanto para este post.

Se você é esperto, já percebeu que eu estou falando do filme de 2008 de M. Night Shyamalan, o mesmo diretor de O Sexto Sentido, cujo filme tratado aqui é certamente menos sobre um "fim dos tempos" e mais sobre um "fim de carreira". Sério mesmo, como é possível que um cara que nos presenteou com uma história surpreendente, cenas marcantes e um final totalmente inesperado pode produzir um lixo como este? Me desculpem aos que gostaram do filme (existe alguém assim?), mas Fim dos Tempos deveria fazer jus à própria trama e se jogar do alto de um prédio antes de ser assistido por mais alguém.


Caso já tenha assistido (meu pêsames!), pode pular a próxima parte, mas caso ainda não tenha tido a chance, não perca duas horas de sua vida e leia a seguir um resumo da história (contém spoilers, mas eles serão o menor de seus problemas caso resolva assistir):
O filme conta a história do professor Elliot Moore (Mark Wahlberg) e sua esposa Alma (Zooey Deschanel) enquanto eles tentam escapar de um estranho fenômeno que está afetando toda a região onde vivem. Junto com eles está Julian (John Leguizamo), um amigo de Elliot, e sua filha, Jess (Ashlyn Sanchez), de oito anos. Que fenômeno é esse, vocês perguntam? Uma toxina desconhecida está levando as pessoas a "perderem o amor à vida" - em outras palavras, levando-as ao suicídio. A princípio, imagina-se que seja um ataque terrorista, mas logo se descobre que essa toxina é produzida pela própria natureza. Assim, Elliot e sua família partem para tentar fugir da contaminação.

Embora tenha seus bons momentos, não posso negar (apesar de poderem ser contados nos dedos), o filme como um todo é fraco, especialmente para um diretor do calibre de Shyamalan. A história, apesar de ter um bom conceito, não avança e fica naquele clima mediano do início ao fim. A quantidade de cenas explícitas de suicídio chega a ser abusiva, mesmo para alguém que considere sangue e morte como os principais atrativos em um filme de suspense. Mas não é sobre a história do filme que eu quero falar hoje.

Como já foi dito, a toxina que leva as pessoas a cometerem suicídio é produzida pela própria natureza como uma forma de eliminar aqueles que a maltratam - os humanos. Assim, podemos dizer que o suicídio, nesse contexto, é algo "natural", ao menos do ponto de vista biológico. Apesar de todos à sua volta estarem correndo para o próprio fim, Elliot e sua família (e alguns outros) vão na direção contrária, em busca da preservação da própria vida.

No mundo de hoje, podemos ver que acontece a mesma coisa: enquanto a grande maioria das pessoas busca apenas aquilo que pode lhes trazer a "felicidade" fácil (felicidade entre aspas por motivos óbvios), ainda existem alguns que insistem em remar contra a maré; que insistem em não desistir de seus próprios princípios. É aquele velho ditado: só porque a maioria faz, não quer dizer que esteja certo. Uma pessoa em sã consciência não vai se jogar do alto de um penhasco só porque seus amigos fizeram isso. Pelo menos, na teoria.

Infelizmente, muitos jovens, seguindo a maioria, têm se jogado de penhascos e mergulhado direto no desfiladeiro do alcoolismo, das drogas, da violência, do sexo sem compromisso e apenas pelo prazer hedonista, além de tantas outras coisas que fazem ainda mais mal do que uma toxina que nos leva ao suicídio. Sim, mais mal ainda! Porque no filme, a toxina apenas leva-nos a matar nosso corpo, enquanto essas coisas nos levam a matar nossa própria alma.

E quanto a você, qual será sua decisão? Vai preferir seguir a onda ou nadar contra a maré?

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