segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Voltar às origens

Uma coisa que sempre toma conta de mim nesta época do ano é o sentimento de nostalgia. Bem, na verdade, isso acontece o ano inteiro comigo, mas nesta época é mais intenso que o normal. É inevitável. Lembro-me de como eram os Natais e Anos-Novos da minha infância, já muito longe daqui, tanto no espaço quanto no tempo. Eram bem diferentes do que são hoje, sem dúvida.

Este ano, porém, "Alguém" me reservou uma surpresa muito especial: tive a graça de participar pela primeira vez da grande "festa de encerramento" anual da Renovação Carismática Católica, o Emanuel. E posso dizer, sem sombra de dúvida, que foi um verdadeiro presente que recebi. Para que vocês possam entender melhor, será preciso que eu conte um pouco da minha história.

Tudo começou em dezembro do ano 2000, quando eu me mudei de Bebedouro-SP para Arapongas-PR com minha família. Eu não tinha mais que onze anos, e na época, foi uma experiência bastante desagradável para mim. Afinal, sair da cidade onde você viveu toda a sua infância, deixar seus amigos e a maior parte de seus parentes para chegar a um lugar quase totalmente desconhecido não é algo fácil, ainda mais nessa idade. Por mais que eu estivesse acostumado a viajar para cá quase trimestralmente, uma mudança definitiva é algo totalmente diferente.

Durante os anos seguintes, eu tentei me "encaixar" na minha nova sociedade. Mas foi em vão. Não importava o que eu fizesse, ou com quem eu tentasse me enturmar, sempre sentia que faltava algo. Minha timidez também não ajudava em nada, claro. E vez ou outra eu me pegava imaginando como seria se aquela mudança nunca tivesse ocorrido, se eu ainda morasse em Bebedouro.

Paralelamente, minha irmã também enfrentava seus próprios demônios. Hoje eu acredito que pode ter sido ainda mais difícil para ela do que foi para mim, afinal, ela já estava com quase 18 anos quando nos mudamos. Faltava apenas terminar o segundo grau no colégio. Em outras palavras, ela tinha muito mais a perder do que eu. Mas felizmente, ela conseguiu encontrar um abrigo seguro no grupo de jovens da nossa paróquia. Minha irmã pode ser uma chata egocêntrica, mas ela sempre soube seguir o caminho do bem. Em Bebedouro, ela já participava da Pastoral da Juventude, então foi natural que procurasse algo semelhante por aqui. Às vezes, eu até a acompanhava às reuniões, e acabei conhecendo algumas boas pessoas por lá.

Mas aquele sentimento de "deslocamento", de não pertencer a lugar nenhum, continuava. Eu simplesmente não me sentia bem no meu grupo de amigos no colégio - o único grupo de amigos que eu tinha, aliás, já que minha terrível timidez me impedia de frequentar outros lugares.

Até chegarmos a setembro de 2004, quando eu completei 15 anos. No mês seguinte, eu ia receber o sacramento da Crisma. Lembro-me até hoje do que minha catequista nos disse na época: que aquilo não poderia ser o fim de nosso envolvimento na vida da Igreja; ao contrário, deveria ser apenas o começo. Essas palavras ficaram no meu coração e, naquele mesmo ano, em dezembro - minha irmã já tinha superado seus problemas e se casado na metade daquele ano - eu decidi entrar por minha conta no mesmo grupo que ela frequentara antes de mim. E foi lá que eu finalmente encontrei o meu lugar!

Foi nesse grupo que eu encontrei pessoas que compartilhavam da minha visão de mundo; pessoas que me aceitavam do jeito que eu era, e com as quais eu sabia que poderia contar se precisasse. Com o tempo, fui fazendo mais amizades. Nem todas, infelizmente, continuaram na caminhada comigo. Algumas foram embora por motivos diversos. Outras foram chegando. Mas o fato é que pela primeira vez na minha vida, eu sabia que estava no lugar certo. E que foi graças a Deus que eu encontrei esse lugar.

Foi isso que Ele me fez relembrar ontem. Há muito, muito tempo, eu não pensava nesse assunto. Mas ontem, Deus me fez pensar. Assim como antes eu ficava pensando como seria se não tivesse me mudado para cá, ontem Ele me fez imaginar o que aconteceria se eu não O tivesse encontrado. Como seria minha vida agora. É natural que, com o passar dos anos, a gente acabe se acostumando e, com isso, vamos esfriando aos poucos. E, também pela primeira vez em muito, muito tempo, eu chorei para Ele, pois percebi que Ele tinha preparado aquele momento especialmente para mim. Se alguma coisa, por menor que fosse, tivesse ocorrido de forma diferente, provavelmente eu não teria vivenciado o que eu vivenciei naquela hora. Numa fase em que eu já não sentia mais a presença Dele como antes, ele me coloca num lugar cheio de gente estranha (eu era o único do Ministério Jovem ali) e, tal qual na primeira vez, me faz experimentar aquilo que eu já tinha praticamente esquecido como era: o amor.

Por isso, este post é um agradecimento. A todos os meus amigos, que me fizeram experimentar a amizade verdadeira. Não vou citar os nomes aqui, pois é possível que eu esqueça alguém, mas quem ler isto saberá se identificar. E especialmente, um agradecimento ao Cara que já era meu amigo muito antes de eu saber. E graças ao qual eu hoje posso conhecer a verdadeira e única felicidade. Valeu mesmo, Jesus!

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