quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Bonsai, velho bonsai

Um tempo atrás eu quis dar um presente de aniversário diferente pra minha mãe. Não sabia o quê, entretanto, então fui procurar nas lojas da cidade alguma coisa que ela pudesse gostar. Acabei me deparando com uma floricultura e decidi entrar.

Vocês devem estar pensando: "Você queria um presente diferente e foi comprar flores?" Bem, isso seria diferente para os meus padrões de presentes, mas eu também pensei assim. Então, em vez de uma flor, eu decidi comprar uma árvore. Um bonsai, na verdade, uma árvore em miniatura, mas ainda assim uma árvore.

Bem antes disso, tínhamos reformado a nossa casa. Apesar de meus protestos, meus pais não deixaram nem um só milímetro de jardim. Pavimentaram tudo. Hoje eles pagam as consequências disso, já que nossas cadelas não têm mais um lugar específico para fazerem suas necessidades, mas eu estou divagando e isso é outra história. O ponto é que eu achei que uma planta de verdade - diferente daquelas de plástico que minha mãe já tinha - seria algo interessante de se ter novamente em casa.

Então, voltando ao assunto. Perguntei na loja pelos diversos preços, e eles eram realmente diversos. Se alguém entende do assunto, já vai saber disso, mas pra quem nunca se interessou, lá vai: os bonsais mais velhos são os mais caros. Quando a vendedora me disse isso, eu fiquei pensando: como é diferente dos humanos! Geralmente nós tratamos os mais velhos com desdém e só valorizamos o que é novo e atual.

Quanto mais o bonsai é velho, mais o bonsai vale.
Bem ao contrário do nosso mundo atual.
Não me refiro aqui apenas às pessoas mais velhas - embora elas sejam as que sofram as maiores consequências dessa onda de valorização excessiva do novo e depreciação do que é velho. Os valores, a cultura, os ensinamentos antigos são gradualmente substituídos por outros mais "atuais" - embora nem sempre isso signifique "melhores".

Claro que o mundo evolui, as coisas mudam e entre elas, a tecnologia é a que mais rapidamente descarta o velho para utilizar o novo. E em certos casos, isso é uma coisa boa, afinal não se deve ficar excessivamente preso ao passado. Mas muitas vezes, acabamos perdendo grande parte de nossa história, e consequentemente de nós mesmos, em favor de coisas que nem sempre são tão boas assim.

Aprendamos a valorizar aquilo que é bom, mesmo que não seja da nossa época. Afinal, sem o passado não haveria o nosso presente; e sem as coisas que tantas vezes consideramos "ultrapassadas", nossas vidas não seriam como são atualmente.

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