sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Você ficaria?

Recentemente, fui invadido por uma onda de nostalgia ainda maior do que o meu normal. Tudo começou numa bela noite de primavera, quando eu estava vendo alguns vídeos no YouTube, e encontrei aberturas de antigos desenhos da minha infância. Entre esses, o que mais me marcou foi aquele chamado Animais do Bosque dos Vinténs.

Para os mais novos, que não tiveram a sorte de viver essa época: trata-se da história de um grupo de animais que é forçado a fugir de sua casa, o Bosque dos Vinténs, quando este começa a ser derrubado pelos humanos. Entre os bichos presentes, estão a Raposa, o Texugo, a Cobra, a Toupeira, um casal de Faisões, a Coruja, o casal de Ouriços e outros. Guiados pelo Sapo, que tinha sido levado de sua lagoa meses antes, e que acabava de conseguir voltar, o grupo faz seu caminho até o Parque da Corça Branca, uma reserva natural onde eles serão protegidos pelos humanos.

Durante a jornada, os animais enfrentam vários perigos, passando por fazendas, campos de treinamento, rios de fortes correntezas e até mesmo a cidade grande. Apesar das profundas diferenças entre os membros do grupo, a maioria acaba chegando em segurança ao seu destino. Infelizmente, nem todos conseguem, sendo mortos no caminho por homens ou predadores naturais.

Entre as diversas mortes da série, uma que me marcou profundamente foi a do casal de ouriços. Aliás, é a única morte da qual eu me recordava perfeitamente sem precisar assistir novamente ao desenho. E não é para menos.

Caso você seja por demais sensível e não suporte relatos de tragédias e coisas assim, faça um favor a si mesmo e não leia o próximo parágrafo.

O grupo estava prestes a atravessar a rodovia. Do lado de cá, um engarrafamento tornou as coisas bastante simples, pois os carros não estavam se movendo. Foi, pois, com muita facilidade que os animais chegaram ao canteiro central. Do outro lado, porém, o trânsito estava extremamente movimentado. As raposas e os animais maiores não tiveram dificuldade para atravessar. Os animais menores foram gentilmente carregados pela Garça até o outro lado. O casal de ouriços, porém, não teve tanta sorte. A Garça não poderia levá-los por causa de seus espinhos, então eles teriam que atravessar a pé. Ao chegarem na metade do caminho, o ouriço macho ficou paralisado de medo e não conseguiu mais se mover. Sua esposa tentou tirá-lo de lá, mas ele estava simplesmente petrificado. Não querendo abandonar o marido, a ouriço fêmea se enroscou junto dele, logo antes de serem esmagados sem piedade pelos grossos pneus de um caminhão que vinha a alta velocidade.


Sim, esse era o tipo de desenho que era exibido na minha época. Se fosse hoje, provavelmente seria censurado por grupos defensores do "politicamente correto", sob a desculpa de ter cenas "fortes demais para as crianças".

Fortes demais? Hmm... é, sem dúvida são. Mas são essas cenas fortes que ficam na memória das crianças e que são capazes de trazer lições para a vida toda. Pensem, qual foi a última coisa que você aprendeu assistindo, digamos, Ben 10? Ou Bob Esponja? Ou qualquer outro desenho "da moda"?

Animais do Bosque dos Vinténs não apenas nos ensina a importância da preservação do meio ambiente. Também nos traz exemplos de valores e moral que parecem perdidos no mundo de hoje. O sentido da verdadeira amizade, da confiança, da lealdade. A demonstração de lealdade da ouriço fêmea, ao preferir morrer com seu amado a viver sem ele, é um exemplo para todos nós!

E se fosse você? Você ficaria?

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