terça-feira, 16 de novembro de 2010

Lições de feriado prolongado

Digam a verdade: poucas coisas são mais gratificantes do que um feriado na segunda-feira. Ainda mais quando seus pais vão viajar para longe, te deixando sozinho em casa e você tem um programa superdivertido com seus amigos. Certo? Certo. Pelo menos na teoria - e nos filmes.

Não que o meu final-de-semana tenha sido ruim - longe disso. Meus pais foram viajar pra casa da minha avó, a quase quinhentos quilômetros daqui, me deixando sozinho em casa. Além disso, domingo eu fui pro Hallel de Maringá com meus amigos. O que foi muito bom. Mas sabem aquele ditado que diz que você só conhece realmente alguém quando passa pelo menos uma semana com essa pessoa? Pois então, o mesmo vale para conhecer a si mesmo: só é possível quando você passa um tempo sozinho. E nos últimos quatro dias, eu pude aprender muito sobre mim mesmo.
Começou na sexta-feira. Logo após o almoço, meus pais fizeram as malas e saíram, me deixando com a responsabilidade de cuidar da nossa oficina e da nossa casa - que são a mesma coisa, aliás - até eles voltarem. Não foi nada difícil - graças a Deus, não houve, naquela tarde nem no dia seguinte, nenhum serviço grande e nenhum pedido de prazo.

Naquela noite, eu estava jogando videogame com meu amigo Douglas (que eu tinha convidado pra passar o fim-de-semana aqui, mas que não poderia vir e tinha vindo apenas para me avisar que não poderia vir - captaram?) quando o telefone tocou. Era a minha mãe, pedindo para ligar para minha avó e avisar que eles chegariam mais tarde do que o previsto: o carro deles tinha quebrado no meio da estrada.

Bom, tudo bem. O Douglas foi pra casa, eu joguei mais um pouco e depois fui dormir. O sábado foi bastante tranquilo. Pela primeira vez em muito tempo, pude fechar a oficina no horário certo - meio-dia. E pela primeira vez em muitos sábados, pude almoçar antes das treze horas. Foi um almoço ótimo: uma porção de coxinhas e pastéis com catchup, acompanhados de uma latinha de refri.

O jantar também não foi nada ruim: um belo cachorro-quente com filé de frango e para acompanhar, um episódio de Kirby: Right Back At Ya! Após o jantar - e a preparação da mochila para a aventura do dia seguinte - fui jogar videogame de novo e consegui, após muito tempo, zerar a história principal do jogo NiGHTS: Journey of Dreams. Com esse projeto realizado, fui dormir. Mesmo sabendo que não conseguiria.

Não que eu sofra de insônia ou algo assim, ao contrário. Meu sono é tão pesado que uma vez eu nem ouvi a antena de nossa casa sendo derrubada pelo vento em cima do telhado. O único problema que eu tenho é quando estou muito ansioso com alguma coisa. Resultado: não devo ter dormido mais de quatro ou cinco horas naquela noite.

Bem, no dia seguinte, acordei às seis da manhã, preparei o café (ao menos isso eu sei fazer!) e me arrumei para o Hallel. Foi um bom Hallel. Não gostei da modificação que fizeram na arena central do Parque de Exposições, porém: fecharam tudo ao redor e só deixaram algumas entradas. Enfim. Se tem uma coisa que você não passa num Hallel é fome - e se tem uma coisa que você não volta de um Hallel é rico. Na hora de voltar, o pneu do ônibus fura no meio da estrada, o que resultou em nossa chegada a Arapongas por volta das duas da manhã. Pra piorar, a bateria do meu celular estava fraca e não permitiu que eu ouvisse músicas na viagem de volta. Paciência.

Cheguei em casa, pus comida pras minhas cadelas (ou "cachorros fêmeas", como o Douglas as definiria), troquei de roupa, me joguei na cama e dormi - não necessariamente nessa ordem. Acordei pouco depois, às sete da manhã, e não consegui pegar mais no sono. Maldito relógio biológico.

Bom, tomei um longo banho quente e quando saí, levei um susto: meu olho esquerdo estava mais vermelho do que um pimentão. Não me preocupei muito na hora. Tomei café, fui no mercado comprar meu almoço (pedaços de frango empanado para assar) e como não conseguia mesmo dormir, resolvi ir varrer o quintal.

O dia passou normalmente: entediante como qualquer feriado. Mas o tédio foi agravado pelo meu olho, que não parava de coçar, pela minha garganta, que não parava de tossir e ainda me deixava rouco pela gritaria do dia anterior, e pela preocupação que um telefonema do meu pai provocou: o carro tinha quebrado de novo na volta. Foi preciso chamar um guincho daqui para poder buscá-los - uma distância de mais de trezentos quilômetros. Só chegaram de madrugada, pondo um fim à minha solitária aventura.

Claro que, como tudo na vida, as consequências ficaram. Meu olho ainda está meio inflamado, minha voz ainda está meio rouca e eu estou louco para comer a comida da minha mãe de novo. E além das consequências, há também as lições que situações como esta costumam nos deixar. O que eu aprendi nesses últimos quatro dias? Bem...
  • Se você se acostuma a comer coisas pouco nutritivas, pode sobreviver com elas em casos extremos
  • Seus pais só costumam te tratar como adulto quando é para trabalhar. Em todos os outros casos, você ainda é um adolescente
  • Tapa-olhos improvisados não são a melhor solução para olhos inflamados. Mas podem ajudar. Ou não
  • Ficar apenas andando pelo Parque de Exposições com seu amigo o dia inteiro é muito melhor do que fazer isso sozinho
  • Não importa quanta carga tenha a bateria do seu celular. Não vai ser suficiente
  • "A Velha a Fiar" não é a mais longa canção de viagem que existe. Mas ainda é a mais irritante
  • Pessoas que ajudam a organizar caravanas se acham no direito de tirar as pessoas de seus lugares para colocar seus amigos lá
  • O Hallel de Maringá já foi melhor
  • Nunca se deve ficar gritando para os outros ônibus quando sua garganta já está ruim
  • Não existem formigas no Parque de Exposições de Maringá
  • A música-tema do NiGHTS.
E é com essa música-tema que eu encerro o post de hoje. Acho que serve bem para ilustrar minha situação atual. Afinal, os últimos dias foram tão surreais que poderiam muito bem ser confundidos com um sonho - daqueles mais esquisitos possíveis. Mas apesar de todas as coisas estranhas, eu espero poder voltar em breve para essa minha Nightopia particular! Afinal, o que seria da vida sem os sonhos? E o que seria da realidade sem os momentos de sonhos?


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