terça-feira, 19 de outubro de 2010

A religião e a alegria

"Então os cavaleiros ouviram uma voz como de trovão, que chamava pelo seu líder:
- Arthur! Rei dos Bretões!
Olhando para o céu, viram uma intensa luz, que não vinha do sol. Imediatamente, todos prostraram-se por terra.
- Não se abaixe! - ordenou o Senhor. - Uma coisa que Eu não suporto é quando as pessoas se abaixam.
- Desculpe, Senhor.
- E não se desculpe! Sempre que falo com alguém é 'desculpa' pra cá, 'perdão' pra lá, e Eu não mereço... O que está fazendo agora??
- Desviando o olhar, Senhor.
- Não faça isso! Parece aqueles salmos idiotas... São tão deprimentes! Pare já com isso!
- Sim, Senhor - obedeceu Arthur.
- Isso. Arthur, rei dos Bretões. Os Cavaleiros da Távola Redonda cumprirão uma tarefa para que sejam um exemplo nestes tempo difíceis.
- Boa ideia, Senhor.
- Claro que é uma boa ideia!"

Monty Python. Guarde bem esse nome. Se você nunca ouviu falar neles antes, preste atenção redobrada neste post.



Monty Python é o nome de um grupo de comediantes ingleses que fizeram sucesso mundial entre as décadas de 1960 e 1970. Suas tiradas sarcasticamente sarcásticas e seu modo peculiar de fazer rir influenciam artistas, humoristas e escritores de quadrinhos (a.k.a. Peter David) até hoje. E não é para menos. Com suas ideias totalmente non-sense, os caras levantavam questões que causariam polêmica até mesmo entre os grupos mais liberais de hoje em dia.

Muitas de suas piadas faziam referências abertas à religião, especialmente à Igreja Católica. Isso se torna especialmente evidente no seu filme "The Meaning of Life" (O Sentido da Vida), sem dúvida o mais polêmico de todos os seus trabalhos. O trecho acima, porém, é tirado de uma obra anterior do grupo, "Monty Python and the Holy Grail" (Monty Python: em Busca do Cálice Sagrado).

Na história, o Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda recebem de Deus a missão de encontrar (dã) o Cálice Sagrado. E para cumprir essa missão, nossos heróis se aventuram pelas mais longínquas terras, enfrentando perigos terríveis como as Donzelas do Castelo de Antraz, os Cavaleiros que dizem Ni, e a mais terrível das ameaças: o Coelho de Caerbannog.

Bem, deixando um pouco de lado os coelhos (não se preocupem, voltaremos a falar deles futuramente!), concentremo-nos no trecho em questão do filme. Eu tentei achar um vídeo em português para postar, mas como não encontrei, resolvi transcrever o diálogo em forma escrita mesmo.Como eu disse, os Pythons nunca foram exatamente defensores ardorosos da fé - como aparentemente se pode ver por essa cena. Mas há uma coisa que eu simplesmente adoro em Deus, que é a Sua capacidade de usar a Seu favor até mesmo as coisas que foram feitas intencionalmente contra Ele. Querem ver?

Hoje em dia, a religião, principalmente a cristã, virou sinônimo de tristeza. De gente séria, carrancuda, que não sorri. A Igreja transformou-se num lugar exclusivamente de sofrimento, de penitência, de regras rígidas e sem espaço para a liberdade.

Na verdade, essa visão já vem há muito tempo. Séculos, pra ser exato. Desde a época do Iluminismo, no século XVII, que de "iluminado" mesmo teve pouca coisa além do nome. Atualmente, muitas pessoas, ainda influenciadas por seus próprios interesses egoísticos, tentam passar uma imagem da Igreja como algo negativo, que "prende" os mais fracos na tentativa de aumentar seu próprio poder.

Pra que se tenha uma ideia de quão enraizada está essa cultura, basta olhar para a educação que muitos pais cristãos dão a seus filhos. Frases como "não faz isso, menino, senão Deus castiga", "você vai na missa porque eu mandei e pronto!", ou "eu fiz essa promessa pra São Fulano e agora você tem que cumprir" tornaram-se cada vez mais comuns até alguns anos atrás. Com isso, criou-se uma cultura entre os jovens em que a Igreja é vista como um instrumento do castigo de Deus, em que não existe espaço para a alegria, para a liberdade. A maioria só se lembra de Deus quando está passando por alguma necessidade, e ainda assim, como último recurso. Preferem viver suas vidas regadas a festas cheias de bebidas, drogas, sexo desenfreado, numa demonstração de "total liberdade e independência" e manter distância do "Tribunal da Santa Inquisição".

Mas eu pergunto: o que nós estamos fazendo para mudar isso? Será que nós, principalmente jovens da Igreja, estamos demonstrando alguma coisa diferente daquilo que o mundo prega contra nós? Será que nossos amigos nos vêem como jovens felizes, realizados, ou tristes, desiludidos, que só foram para a Igreja porque não conseguiram sucesso na vida? Será que nossas palavras, nossas atitudes, demonstram a alegria e a felicidade que é viver a vida em Deus? Ou apenas confirmam a visão de chatice e reclusão que muitos ainda têm disso?

Se depender de algumas pessoas, essa visão vai continuar por muito tempo. Por isso, convido você, que já vive a felicidade de ser totalmente livre em Deus, a ler novamente o diálogo entre Ele e Arthur. A repensar suas atitudes com relação a como demonstra essa felicidade aos outros. E a assumir a missão proposta: ser um sinal, ser um exemplo de que viver em Deus é viver a vida em sua plenitude nestes difíceis tempos em que vivemos!

2 comentários:

  1. Servir a Cristo com certeza é alegria, pois a alegria do Senhor é a seguidores e não criminha força... mais religião com certeza são apenas parastão de fato...

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  2. Só depende de voces jovens, semear a alegria cristã dentro da igreja...
    Gostei do tema.

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