quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A persistência como algo negativo

Hoje em dia ouve-se muito falar em "persistência". Livros e programas de auto-ajuda estão repletos desse termo. Psicólogos e líderes religiosos o repetem quase como um mantra, na boa intenção de indicar às pessoas que não se deve desistir de resolver seus problemas. Entretanto, por incrível que possa parecer, isso nem sempre é uma coisa tão boa assim.

Claro que, se estamos passando por algum problema, temos de tentar até conseguir resolvê-lo. Não podemos simplesmente cruzar os braços e esperar uma solução cair do céu. Mas tem gente que comete o erro de tentar resolver seus problemas da maneira errada. E o pior: vê que está errado, e mesmo assim segue o conselho geral dos "gurus" de plantão e persiste tentando da mesma maneira.

Querem um exemplo? Assistam aos desenhos do Papa-Léguas. Percebam que o Coiote possui um grande problema: a fome. Mas percebam também que ele sempre tenta resolver esse problema da mesma maneira: comprando os revolucionários e nem um pouco confiáveis produtos da ACME, a empresa líder em reclamações de consumidores.

Pô, se ele tem dinheiro suficiente pra comprar essas bugigangas todas, porque não vai comer num restaurante? E aqui entra outro problema: quando a persistência se transforma em obsessão. É a obsessão de devorar aquela ave que leva o Coiote a cair de penhascos, ser atingido por bombas e soterrado embaixo de pedras a cada episódio.

Da mesma maneira acontece conosco. Pode parecer ridículo imaginar algo assim, mas há muitas pessoas por aí que não querem mais apenas resolver seus problemas. Pra elas não importa apenas que seja resolvido; importa que seja resolvido do jeito delas, mesmo que para isso elas precisem sofrer bem mais e o resultado ainda não seja tão bom quanto seria caso deixassem o orgulho de lado e resolvessem o problema do jeito certo. Na maioria das vezes, aliás, elas estão tão obcecadas que nem sequer percebem que existe uma maneira alternativa. Como na história da estudante que chegou perto do professor e disse que faria "qualquer coisa" para passar de ano... exceto estudar.

O jeito certo pode nem sempre ser o mais prático, ou o mais rápido, mas é o que vai trazer os melhores resultados. E o melhor: sem efeitos colaterais malignos.


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