segunda-feira, 18 de junho de 2012

A lei do (sofrimento) mais forte

Dizem as más línguas que nós vivemos em um mundo bem mais evoluído do que, digamos, meio milhão de anos atrás. Mas eu, sinceramente, às vezes tenho certas dúvidas quanto a isso.
Quer dizer, é verdade que meio milhão de anos atrás não havia computadores, televisão, internet, telefone celular, videogames, vacinas, transplantes, aviões ou naves espaciais (pelo menos não nativas do planeta Terra). Por outro lado, também não havia políticos corruptos, desigualdade social, poluição, pessoas matando umas às outras por dinheiro ou drogas, Restart e Big Brother Brasil. Mas independente disso, há pelo menos uma coisa que não mudou de lá pra cá: a lei do mais forte.


Ainda hoje, vivemos em um mundo amplamente competitivo. E com o aumento da população mundial no último século, é de se esperar que a  competição também aumente. Claro que existem algumas diferenças: se antes os homens duelavam pra ver quem iria se casar com a princesa, hoje eles se metem em brigas pra ver qual time de futebol é o melhor (porque os jogos, aparentemente, não são suficientes pra decidir isso). E se naquela época as lutas eram sujas e valia tudo pra sair vencedor, hoje elas são... ainda mais sujas e vale tudo e mais um pouco pra sair vencedor.
Vocês podem achar que eu estou exagerando, mas a competição é algo tão enraizado em nosso subconsciente que muitas vezes nós nem percebemos que estamos competindo. E competimos por tudo: as grandes empresas competem pra ver quem tem os melhores produtos e os maiores lucros; os grandes partidos políticos competem pra ver quem tem mais votos e, consequentemente, mais poder; e as pessoas comuns, que não tem outra coisa por que competir, competem pra ver quem sofre mais. Ou vão me dizer que nunca tomaram parte numa conversa como esta?


- Cara, esse estágio tá me matando... não aguento mais tanta pressão!
- Ah, pelo menos você não tem família pra sustentar e um filho pra criar.


Ou esta?


- Velho, que raiva! Meu pai não liberou a grana.
- Seu pai, pelo menos, tá sempre por perto. E o meu, que vive na estrada e eu nunca sei quando vou ver?


Ou esta?


- Ai, estes saltos estão me matando!
- É, pelo menos você pode usar salto, né? E eu, como fico?
- Aff, Paulão. Cala a boca!
- E para de me chamar de Paulão! Eu já disse que meu nome agora é Loretta!


Et cetera, et cetera, et cetera.
Claro que, quando um amigo está passando por uma situação difícil, se você já tiver passado pela mesma situação, um testemunho de como foi e de como você superou pode ajudá-lo a se sentir mais aliviado, sentir que não está sozinho. Mas daí a querer entrar pro Guinness como a pessoa mais sofredora da Terra... bem, apenas não reclame se você entrar em depressão.



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